terça-feira, 30 de maio de 2017

A nossa frustração é idêntica à de milhões de americanos





Na beleza incrível de Taormina, que inspira qualquer mortal, passeou-se a personagem que os republicanos, os democratas e o próprio sistema político americano colocaram no poder. Indiferente ao lugar, os seus olhos avaliadores fixaram um a um, os políticos de cada país, pelo seu valor monetário e pelos negócios lucrativos que daí podem advir. 
Só isso conta, nada mais. As relações diplomáticas, a colaboração científica, as prioridades actuais, os grandes desafios, tudo isso é colocado no cesto do lixo e o que fica na secretária é o que surge resumido num tweet.

Compreendemos a frustração de Merkel. Todos gostaríamos de ver na presidência americana alguém com quem se pudesse trocar ideias claras e concretas sobre assuntos vitais para a uma convivência mutuamente favorável.

A nossa frustração, por essa impossibilidade actual, não nos deve levar a esquecer a frustração idêntica de milhões de americanos. A presidência americana actual não representa as suas populações. A personagem pode ter sido levada a prestar juramento mas verifica-se, em todo o processo, uma clara ausência de credibilidade e legitimidade.

Desde o presidente Carter que a América vive uma grave crise cultural, uma reviravolta de valores.
A partir de Reagan a cultura que emerge é a do valor monetário, a globalização baseada na finança. Isto coincidiu com o início das alucinantes desigualdades sociais.
Este olhar avaliador sobre as pessoas, quanto valem em números, que lugar ocupam na lista dos mais ricos, acentuou-se a partir daí.

E no entanto, esta cultura do objecto, da avaliação de tudo em termos monetários, continentes, regiões, países, recursos e pessoas, não corresponde à cultura da colaboração que vemos bem activa e dinâmica nas comunidades, nas cidades, numa grande parte da população americana.
É nestas comunidades e cidades que está a inovação cultural, a possibilidade de criar novas plataformas políticas, que permitam às populações escolher o futuro em que querem viver.




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