sábado, 29 de abril de 2017

França: Macron e a possibilidade da inovação cultural na política





Se observarmos Macron na perspectiva da política convencional - ideologias identificáveis -, estranhamos de imediato a sua elasticidade e plasticidade. Onde antes identificávamos os espaços políticos e o público-alvo, que condicionam a comunicação, vemos um candidato dirigir-se a todos os eleitores, sem excepção. Não há fronteiras, direita e esquerda, europeístas e não europeístas.

Há um projecto, En Marche!, que é apresentado e operacionalizado, comum a todos os franceses e aos valores da República. A República é aqui utilizada como a base comum.

Na operacionalização do projecto são definidas prioridades: Europa - economia - trabalho - segurança -, e estão todas interligadas, dependendo umas das outras. Exemplo: a educação e a formação influenciam a economia, o trabalho e a segurança. É como olhar para um visualizador de informação onde vários pontos estão em comunicação em tempo real.
As acções concretas, as iniciativas na gestão diária, dependem de condições de funcionamento, que também são apresentadas.


Aqui já podemos começar a definir o perfil do candidato: inteligência pragmática e estratégica; atenção focada no essencial; elevada capacidade de comunicação; mensagem clara, sintetizada e operacional; a imagem serve a comunicação. São os seus trunfos.

Onde surge a inovação cultural?
Na possibilidade de, além destas capacidades, Macron revelar inteligência emocional, a capacidade de ouvir e de interpretar as inquietações do eleitorado francês. É certo que Macron o verbaliza, que está atento à revolta de muitos franceses e às suas inquietações, dirigindo-se a todos directamente. Resta-nos verificá-lo na prática.


Macron surge hoje como a tábua de salvação da Europa. E esperemos que a Europa ainda seja capaz de se regenerar e revitalizar. E que a Alemanha perceba que esta é a sua janela de oportunidade. Amanhã pode ser outro o seu interlocutor e outro, aliás, o seu protagonista.




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