sábado, 26 de novembro de 2016

Votar em equipas e projectos é mais favorável ao sistema democrático





A consciência de si próprio como membro de uma comunidade, e a responsabilidade partilhada, são capacidades próprias da maturidade.
Uma pessoa autónoma participa e colabora em projectos em que acredita sem a expectativa da aprovação social. Ao aceitar os seus trunfos e as suas fragilidades adquiriu a confiança em si própria para agir de forma sensata. E também por isso não é influenciável, pois observa, informa-se e analisa cada situação de forma objectiva.
Arno Gruen aponta para uma pequena parte da população geral com estas características. A maior fatia da população geral revela uma tendência para o conformismo, podendo inclinar-se para o lado da autonomia, isto é, para seguir exemplos favoráveis à lógica ganha-ganha e à cultura da colaboração e da partilha, ou para o lado da psicopatia, isto é, para seguir os "falsos deuses" e a sua lógica do ganha-perde, ou seja, a cultura da competição, da megalomania e do desprezo pelos mais frágeis, tratados como perdedores.

Voltando às eleições americanas, a minha perplexidade mantém-se. Metade dos eleitores americanos entregou o poder de muitas decisões determinantes para o seu futuro, a uma pessoa que verbalizou o que quis sem filtros de qualquer espécie: respeito pelas pessoas, respeito pela democracia, respeito pela própria história da América, pela sua cultura, pelas suas diversas comunidades.
O perfil de muitos políticos e pessoas influentes tende a ser, como Arno Gruen analisou, auto-centrado, eficaz na obtenção do poder, sem empatia e sem escrúpulos. Alguém que já identificaram assim à primeira vista?
Já repararam no risco que corremos quando estas pessoas têm carta branca nas grandes decisões colectivas?

É por isso que, a meu ver, o sistema democrático terá de se aperfeiçoar e proteger, definindo novas regras. E uma delas terá a ver necessariamente com a exigência da apresentação, aos potenciais eleitores, de uma equipa e de um projecto.
O projecto terá de funcionar como um contrato entre a equipa e os eleitores e não, como temos observado, apenas marketing.

Um exemplo de uma equipa que tenho observado é a da solução governativa em Portugal: embora o governo seja de um partido, é apoiado na Assembleia por dois outros partidos. Trata-se, pois, da gestão política de uma equipa.
Uma gestão política com esta definição exige negociação, o que nos dá garantias de um equilíbrio e controle de excessos, mas enfrenta alguns desafios. Um deles, é a mania da medição da popularidade relativa de cada partido através das sondagens.
É claro que se a responsabilidade fosse avaliada pelas sondagens, o PCP teria aumentado 2 pontos, o BE 1 ponto e o PS teria ido buscar os seus pontos apenas ao PSD, ao CDS e à abstenção.
Só um à parte sobre esta sondagem: é interessante verificar que a prestação responsável do deputado do PAN foi reconhecida pelos inquiridos.




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